Não, não te
podes namorada,
Menos
amante, no máximo musa.
Como amá-la
virtual,
Uma foto de
perfil,
Sem cheiros
e asséptica,
Imóvel, em
sorriso congelado
E sexo só
imaginado?
Como
segredar-lhe coisas
E arrancar
confidências
Senão em banais
frases digitadas?
Como tê-la
nas mãos, trêmula,
Despida do
pudor, em oferenda
De fêmea
integral, e não só ideia,
Imaginação,
registro de incógnita,
Infertilidade
de masturbação?
Eu a queria natural
e absoluta,
Mais que
matéria para versos,
Mas os próprios
versos,
Escritos com
hormônios e suor,
Sobre a pele
excitada, em ritual
Que não se
basta nos dedos,
Confundindo
cama e teclado,
Como uma
flor decepada,
Na jarra,
querendo-se íntegra,
Plantada no
jardim.
Já conheço
essa história,
Sei que dói
muito no fim.
Se ao cego
uma flor não tem cor,
Resta-lhe a
textura da pétala
Acariciando
o tato; o perfume,
Anunciando
“eu sou uma flor”,
Ao contrário
dos virtuais amores,
Inaptidão
total dos sentidos,
Inúteis e
dispensáveis,
Anunciando o
nada
Que
digitaríamos nas madrugadas,
Semeando
flores mutiladas.
Francisco
Costa
Rio,
20/12/2014.
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