(Em resposta
a um indigente mental)
Então queres
que eu me assuma bolivariano?
O que é
isso? Alinhamento com a Bolívia
Ou o assumir
os ideais de Simón Bolívar?
Se por
bolivariano entendes o revoltado
Que cansou
de ver o sangue nordestino
Transformado
em hot dog e corn flakes,
Nas
lanchonetes da Wall Street e 5ª avenida;
De chorar
pela legião de miseráveis,
Filhos do
saque, da expropriação, do ódio...
Ou talvez
porque não aceite o nosso solo
Aberto,
craterado, como vaginas expostas
Nos
prostíbulos do capital, gigolô impiedoso
Saciando-se de
minérios em troca de maus tratos...
Quem sabe se
porque invisível âncora
Mantêm-me
atrelado ao meu país,
Cansado de ser pasto dos que aqui pastam e
cagam?
Não seria
por essa minha ojeriza ao que não se quer
Fome,
indigência, carência... Cultivando a inocência
De crer que
todos os homens são iguais, merecedores
De
partilharem a riqueza e a miséria, risos e lágrimas,
Sem
beneficiários, privilegiados, proprietários de todos?
Ou porque
se, sociologicamente daltônico,
Não percebo
diferenças entre brancos e negros;
Analfabeto
nas matemáticas, eu não consigo
Medir
dimensões por quantidade de dinheiro nos bolsos?
Não sei, mas
se for pelos motivos que apontei...
Sou réu
confesso: bolivariano sim, e possesso!
Francisco
Costa
Rio,
06/12/2014.
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