sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

POEMINHA DO PRECONCEITUOSO

Mais que amante ou admirador da natureza,
Busco a integração, morando no mato.
Logo a fauna percebeu que não sou um risco,
E dadivosa, se aproximou, me adotou.

Primeiro o casal de cambaxirras, barulhentas,
Transformando a minha varanda em condomínio,
Semeando ninhos, vendo em mim uma cambaxirra.

Próximo, a uns três metros, um casal de viuvinhas
Decidiu cumprir a lei do crescei e multiplicai-vos,
Fazendo o ninho no galho de buganvílea próxima,
Camuflando-se entre flores e agradáveis odores,
Olhando-me como se uma viuvinha eu fosse.

Logo chegaram as sabiás e seus solfejos matinais,
Escolhendo a cobertura do portão para os ninhos,
Dóceis, acreditando-me uma bem crescida sabiá.

E vieram os tucanos, os micos, um casal de lagartos,
Desses de mais de metro, que temos que esconder,
Principalmente se a visita for feminina,
Para não semear gritinhos, corridas sustos...
(se há anestésico para tesão feminino é lagarto. Afff)
E me tornei tucano, mico, lagarto aos olhos deles,
Próximos, totalmente integrados comigo, um igual.

Hoje consultei o mapa da fauna da região,
Meio preocupado: vamos que aqui tenha viado!
Vamos que me olhem de lado, enviesado,
Achando que eu também...
Que escondo o rebolado?

Francisco Costa

Rio, 02/12/2014.

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