domingo, 6 de outubro de 2013

VELHO

(Hoje, dia do idoso)

Com o compasso da compreensão,
Em tuas rugas, na pele pálida
Traço os traços da minha gratidão.

Olho tuas mãos secas, desidratadas,
Esculpidas calosidades, no afã de fazer,
Instituir o legado que hoje usufruo,
E afogo lágrimas pela injustiça.

És agora estorvo, peso morto, pouco
Na partilha dos bens que construíste,
Mero detalhe na paisagem triste
Que se pretende permanente.

Mas nem tudo está perdido,
Há ainda entre os sensatos
Vozes que clamam emancipação
Para a velhice abandonada.

Unem o útil ao agradável,
Aliam solidariedade ao mais fraco
Com investimento no futuro,
Envelhecerão também.

Francisco Costa

Rio, 01/10/2013

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