Hoje, no meu
aniversário,
Ex data de
festas,
Hoje, de
consolo,
Questionam-me
a idade.
Não direi,
não insista,
Só darei uma
pista:
Comecei a
nascer numa estrela,
Entre átomos
enlouquecidos,
Em frenética
dança de calor e luz.
Poeira
cósmica em gênese
De coisa
nova e diferente,
Agreguei-me
macropartícula
Em momento
rotacional.
Assisti
chuvas ferventes,
Lama em
ebulição,
Furacões
indomados,
Relâmpagos
devastadores.
Assim, em
fúria de elementos,
Descobri-me
capaz de cópias,
O que me
exigiu absorver o meio,
E acordei
vivo, emancipado
Do que é só
pedra e silêncio.
Ainda
primário e simples,
Tateei
escuro e ouvi o nada,
Ansiando-me
coisa maior no mundo.
Logo
agreguei-me diferente
E
diferenciado, com órgãos
Me
contaminando de curiosidade,
E me afastei
da restrição da água,
Descobri um
oceano de gás,
E parti,
propenso à conquista.
Questionamentos
rastejando,
Farejei
oportunidades, ocasiões,
Forçando-me
ao avante,
E me vi com
membros, andando.
Não me bastou
olhar só o chão
E me fiz
ereto, olhar no horizonte
E fronte nas
estrelas, minha origem.
De mãos
livres, percebi-me capaz
De
reconstruir tudo, incorporando-me
Em tudo, à
minha imagem e semelhança.
E me despi
da capa do que ignora
E fui Átila
e Jesus, Gandhi e Judas,
Nabucodonosor
e um índio Xavante,
Moisés e
Hitler, ditador e vítima,
E conheci
Kardeck, Darwin e Marx,
Bebendo da
essência humana
Em seu grau
máximo na evolução,
Na
participação.
Habitei
corpos famintos e cortes reais,
Naveguei
caravelas e montei camelos,
Percorri o
baixo meretrício e igrejas,
Dancei em
bodas e chorei velórios,
Matei muito,
morri também,
Entre
punhais, espadas e tiros,
Até chegar
aqui.
Agora,
indeciso do próximo passo,
Redijo
apreensão e sustos, esperas,
Diante do
que está próximo.
Grande o
bastante para não me conter em mim,
Nasci com
bilhões de anos acumulados,
Ancião que
já nasceu velho para morrer menino,
Diante desse
papel, fazendo das palavras
Desejo de matar
o poeta,
Esse
arremedo de esteta,
Para renascer
novo um dia,
Transformado
na própria poesia.
Francisco
Costa
Rio,
02/10/2013.
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