domingo, 13 de outubro de 2013

Papai foi protagonista, meu filho.
Nem coadjuvante nem assistente.

Em cabines de caminhões
Papai percorreu o mundo,
Deslizando nas estradas dos sonhos,
Na Bahia, Islamabad e Turquistão.

Nas cabines de jatos supersônicos
Sobrevoou a Europa e a África,
Foi a Marte e Saturno, a Júpiter,
Enfrentando feras terríveis
Que vomitavam fogo e dardos.

Quando longe dos portos,
Das estradas e aeroportos,
Papai fez gols em estádios lotados,
Em ruas sem calçamento
E terrenos desnivelados.

De mãos certeiras, atirou pedras,
Quebrou vidraças e telhas
A troco de uma bela corrida em grupo.

E pescou piabas e acarás,
E caçou coleiros e sabiás,
Tomou banho de lagoa,
Perdeu-se em bairros alheios,
A cata da namorada mais bonita.

Agora os meninos se recusam
A protagonizar qualquer coisa,
Reduzidos a figurantes nas ruas
Ou assistentes no computador.

Infância sem sonhos
É noite sem estrelas,
Sem lua, sem escuro,
Feita só de medos.

Francisco Costa

Rio, 07/10/2013.

Um comentário:

  1. Maravilhoso, Francisco! É...Infância sem sonhos É noite sem estrelas...ameii!! Beijos Poeta querido

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