quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O MEU LEITOR

Eu vos declaro meu leitor,
O que comunga pirraças
E assiste impropriedades
Postas no papel em branco.

O que range dentes de ódio
E sorri do chiste repentino,
Inesperado como punhal
Lacerando consciências.

O que concorda e abençoa
Ou discorda e espragueja
No trânsito das emoções.

Aquele par de olhos atentos,
Fazendo a ponte
Entre o texto e o coração,
Com a intromissão do cérebro,
Claro, este indiscreto
Determinando opiniões.

Eu vos declaro meu leitor,
Cúmplice curtindo
Ou desafeto em impropério,
Mas meu leitor.

Escrever é verbo transitivo
Só se esgota completo
Se produz eco em outro poeta
Em atitude passiva
Do outro lado.

Depois se inverte,
Eu viro leitor,
E aí é a minha vez
De curtir ou xingar,
Duas variantes de ser cúmplice,
Parceiro... E amar.

Francisco Costa

Rio, 22/10/2013.

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