domingo, 6 de outubro de 2013

ESPERANDO, SÓ

(Pra Sonia Costa, in memoriam)

Lembro tuas mãos delicadas,
Fada negra
Me esperando nas madrugadas.

És agora matéria de memória,
Formas difusas
E olhar distante, já apagado.

Sonho-te toda noite,
Anjo cheio de pecados
Construídos por nós,
Desde a adolescência
Até o fechar das cortinas.

Sempre só, como convém
A todo mutilado, ainda venero
O meu pedaço que foi enterrado.

Sem perceber,
Caminhando ao léu
Ou escrevendo versos,
Transformei-me num mausoléu,
Esse que te aguarda e espera,
Como os pássaros esperam
O adocicado sol da primavera.

Francisco Costa

Rio, 03/10/2013.

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