Pelo menos
hoje lembremo-nos das crianças.
Não só
daquelas que abençoamos,
Porque
próximas e protegidas, amadas.
Lembremo-nos
das crianças sem infância
Em labor
adulto nas minas de carvão,
No corte da
cana, nos mercados do sexo.
Lembremo-nos
das que correm distraídas
Entre
tanques e mísseis, até a explosão
Que as
definirá matéria de memória.
Lembremo-nos
das que amargam sede
Porque a
água é do gado do coronel,
E das que
contam estrelas e pedrinhas
Para ocupar
a hora do jantar.
Lembremo-nos
das que derretem
Em suores e
diarréias, minguam,
Reduzindo-se
a só dois olhos e ossos.
Lembremo-nos
das que, precoces
Traficam e
roubam, estupram,
Divididas
entre brincadeiras e verdade.
Lembremo-nos
das canceradas, da mutiladas,
Das que minguam
e mofam em hospitais,
E se mais
espaço para lembranças couber,
Lembremo-nos
de nós próprios, silenciosos,
Como se
essas crianças não existissem.
Francisco
Costa
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