terça-feira, 18 de março de 2014

Súbito atravesso o oceano
E faz noite no meu corpo,
Telúrica manifestação,
Terra, pó, pedra, parte
Do antepassado na veia.

Danço pontos de atabaque,
Alaôôô, meus orixás, axé
Povo da mata, da cachoeira
Ogum, desbravador da paz,
Impondo justiça; Iemanjá
Moça bonita da praia;
Exu, a dialética síntese
Do bem e do mal, iaôôôô,
Canção mãe do samba,
Do reagle, da ginga, afoxé
De negras carnes de fome
Puro sexo negro luzindo
Calor na madrugada,
Morada das moças, iaôôô.

Salve aruanda, salve umbanda,
Santaneria, quimbanda, axé
Naná, caboclo, oxumaré,
Salve povo de África, candomblé.

Salve salve tudo que de ti emana,
África mãe, África filha, África mana.
Salve tudo que nos irmana,
Salve minha mucama
Toda amor, sacana,
Semeando prazer na minha cama.

Salve a pele negra, pura, integral
Sem a perda dos pigmentos,
Mãe de todas as peles do mundo
Em comunhão universal.

Francisco Costa

Rio, 22/02/2014.

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