Sim, as
bundas,
As rotundas
partes,
Furibundas
em riste,
Exigindo
distância
E respeito.
Sim, as
bundas,
Protuberâncias
Em carne e
curvas
Que se
projetam
Em
imaginações.
As desejadas
bundas,
De formas
várias
Espantando o
tédio
E atraindo o
olhar.
As
bundinhas, discretas,
Pouco mais
que insinuadas,
Comedidas e
tranquilinhas,
Como quem
não quer nada.
Os bundões
exagerados,
Cúpula de
prazeres desbragados,
Enormes,
convites a mal comportados.
As
maciinhas, sensíveis e choronas,
Sempre
assustadas, e as encorpadas,
Rijas em
desafio, desaforadas,
Afeitas a
beliscos e mordidas.
Bundas...
Ah! As bundas,
Esses
musculares relevos
Nos mapas da
fascinação,
Esse desejar
de sim
Que quase
sempre é não.
Ainda que
belas não fossem,
Restaria a
sonoridade,
No dizer de
Drummond de Andrade
A mais bela
palavra da língua,
Porque
sonora, tonitroante: bunda!
E que não se
corem as pudicas
Porque leram
a palavra bunda.
Há nelas
também, ostentação
Contrariada,
uma bunda envergonhada,
Que como
todas as outras
Existe para
ser admirada.
Lição
política e afirmação religiosa,
As bundas
nos fazem iguais
(quem não
tem bunda?):
Bundas
burguesas, bundas proletárias,
Bundas
companheiras, bundas adversárias;
Bundas
salvas, a caminho do paraíso,
E bundas
perdidas, pecaminosas,
Permitindo-se a prazeres proibidos,
Divididos,
em momentos precisos.
Bunda,
gênese e armagedon,
Troféu no
panteon, loucura máxima
Que se
ostenta nas areias das praias
Ou se
esconde em calcinhas e saias,
Mas sempre
arrancando dos olhos
Tensão e
agonia, desejo de orgia
Pronta para
se anunciar em camas,
Como cartão
de visitas que anuncia
A doce e
terna chegada da poesia.
Francisco
Costa
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