Agora, aqui,
deitado nesta rede,
Ouvindo
Lionel Richie, permito-me
À modorra
ornada de pensamentos,
Buscando a
razão do racismo.
Não do
racismo filho do preconceito
Justificando
consciências modeladas:
Negro é
burro, por isso explorado.
Negro não
tem alma, por isso escravo.
Negro é
sujo, por isso em senzalas,
Sarjetas,
becos, lixões, favelas...
Negro é
periculoso, por isso apartado.
Sobre isso
não penso porque torpeza
De
consciências em auto-anestesia,
Atribuindo a
outro o que em si habita.
A questão
que ora me perturba
É a da
estética do dizer feio o belo
Que escapa
da origem e chega a mim,
Retinas
ocupadas na sedução do negro.
Convoco a
falange de Pretos Velhos
E lá estão
sorrisos permanentes e doces
Emoldurados
em cabelos brancos
E bondade
estampada: Mandela!
Chamo a
falange de guerreiros, homens
Blindados em
músculos e determinação,
E me acode
Zumbi dos Palmares.
Agora a
falange de poetas e cantadores,
E mal cabem
na varanda, aos muitos,
Dedilhando
as mágicas liras da poesia.
Falanges
outras mil eu poderia invocar,
Mas a
urgência do prazer me chama,
Esta negra,
pura carne e hormônios,
Que
acreditada mucama, é toda mulher
Incorporando-me
porção negra na cama,
Em louvor à
negritude que me sustenta.
De todas as
deformações humanas
O racismo é
a mais nojenta.
Francisco
Costa
Rio,
15/03/2014.
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