Busco-me
como a criança
Que a si se
busca na mãe,
Órfão de mim
distraído,
Chutando
latinhas por aí.
Vagabundo
das coisas sérias,
Cultivo-me
diferença,
Despropósito,
desafinação
No coral dos
realizadores.
Destoar,
essa a minha missão,
Atravessar
fora da faixa,
Ridicularizar
o que se quer normal,
Modus
vivendi, conviver social.
Nasci
transverso, pronto a destoar,
Fazer-me o
cabelo na sopa
Dos moços
bem comportados,
Trepando
rápido na fila dos bancos,
Entre
cheques e promissórias.
Meu pai
fecundou a insatisfação,
Minha mãe
pariu a impostura.
Com as mãos
nos bolsos vazios
Passeio
sorrisos e versos
Sobre o
ridículo do existir.
Entre
diarreias, guerras e deuses
O homem
sonha galáxias
Certo de que
imprescindível
E fazendo o
certo.
A pretensão
é a matéria prima
Da
inocuidade paramentada
De gente
sorrindo. De quê?
Francisco
Cota
Rio,
23/02/2014.
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