sábado, 8 de março de 2014

AOS BRASILIANQUES, SOLDADINHOS DE OBAMA

Nasci para esculhambar,
Colocar gelo na lareira,
Incendiar flores nas lapelas,
Desfilar a ironia e o deboche
Na passarela dos bem comportados.

Esta a minha alegria, sacanear tudo,
Espalhar merda na festa, roubar o bolo,
Decretar dia útil no carnaval, semear
Temporais em domingos e feriados,
Esconder o sol das praias,
Levantar saias, aplaudir velórios.

Pobre dos moços e moças certinhos,
Adeptos do mercado formatando gente,
De deuses cruéis e vingativos, punidores,
Entre funks e hambúrgueres, digerindo
A miséria nossa de cada dia agradecendo
Pela graça alcançada, o milagre posto
Nas retinas dos que não têm olhos de ver.

Viva o sargento, o regimento, as máscaras
Nas passeatas e intenções, a promoção
Do caráter pelo preço mais justo. Viva
A porra toda porque tudo uma porra,
E se mais porra há, vivas a ela também.

Abaixo essa masturbação de eunucos,
De guerrilheiros sem dentes e coragem,
Nas poltronas da sala e no facebook
Pedindo golpes, os tristes golpes
Que eles não têm coragem de dar.

Atiram pelo teclado, os verminotas
De gravata, grunhindo patatis e patatás,
Papagaiamente repetindo o induzido,
Como putas aposentadas contabilizando
Antigos michês mortos pelo tempo.

Múmias! Múmias é o que são, nas faixas
Dos próprios limites e nos sarcófagos
Da submissão, os habitantes das tumbas,
Zumbis políticos afogados nas trevas.

Por isso essa minha seriedade
De adolescente em delito,
Em pura e permanente sacanagem,
Fazendo motivo de risos
O que eles levam a sério.

Se querem incendiar a bagaça toda
Que comecem tocando fogo
Nas santas mãezinhas primeiro.

Francisco Costa

Rio, 23/02/2014.

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