(Pra minha neta, Jessica Louse, uma atleta)
Uma menina,
como todas as outras,
Uma menina
qualquer, anônima
Entre
anônimas, com bonecas e sonhos.
Anônima no
recreio da escola, simples
Aluna a mais
entre alunas outras, iguais.
E adolesceu,
agora menina mulher,
Resguardo de
caprichos e vontades,
E a
descoberta não do príncipe esperado,
Coisa de
encanto e sonho acalentado,
Mas uma
bola, adversárias, gols.
E fez do
próprio corpo arma de vitórias,
Alavanca
para a superação, mutação
De corpo estranho
exigindo superação
Em função de
um órgão a mais, a bola,
Teimosa,
rebelde, em recusa de domínio.
Agora seria
luta permanente com ela,
A bola
espantando namorados e amigos,
Mastigando o
tempo das diversões,
Ditando
dieta e apartando bombons,
Coisas do
álcool, vícios, manias...
Porque agora
era de vício único, a bola;
De prazer
único, a bola; e única mania:
Domar a
bola, submeter a bola, levá-la
Ao gol
adversário para descansar mansa
E vencida,
rendida a uma vontade única
E duas mãos
treinadas para amansá-la.
E vieram
torções, distensões, cansaços...
E o assédio,
porque carne treinada
Em
movimentos, músculos de forja,
Rígidos, bem
esculturados, sedutores...
Mas mais
importante... A bola. A bola tirana
Submetendo
tudo o que não ela, a bola,
Fetiche e
desejo, obsessão, quase sexo.
Até o dia em
que o suor se fez lágrimas.
Não como das
vezes anteriores, de dor
Ou
frustração por contusão ou derrota.
Lágrimas
outras, nascidas de outra emoção.
Saiu,
finalmente, a lista da seleção, e lá, ela,
A que acreditou
que tudo mora numa bola.
Francisco
Costa
Rio,
28/02/2014.
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