sexta-feira, 28 de março de 2014

Careço já dos teus préstimos,
Do teu corpo embebido em hormônios,
Da tua voz cotidiana em meus ouvidos.

Súbito tornei-me parcial, incompleto,
Só pedaço reclamando complemento,
Animal que te fareja e te olha, te quer.

Rendido ao espanto e miúdo, latejo
A tua ausência de claridade que revela
E irreleva o que mais não seja sonho,

Imaginária cópula em curso, primavera
Em qualquer estação do ano, baldeação
No que se pode sorrisos e realização.

Há em mim agora um vazio permanente,
Um estar oco, sem sentido ou explicação,
Como um corpo devoluto, perdido em si,
Sem saída e sem solução, e para sempre.

Entre o meu olhar de procura
E a minha voz de espera
Uma lágrima se aninha
E me desespera
Em noite escura.

A esmo e só, a minha alma caminha,
Vivendo só de sonhados encontros.

Francisco Costa
Rio, 23/03/2014.


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