Rasgo-me
inteiro de amor
E de amor
fervo-me constante,
Em delírios
e acesso febris,
Assistindo-me
só aquecimento.
O amor me
habita em todas as formas
E me aquece
em todas as modalidades,
Caminhando
corpos e olhares, intenções,
Sempre
pronto à doação e à posse, ao querer.
Amo longe o
que se quer miragem e imaginação,
O próximo,
tangível e ao alcance, solicitude
De
cumplicidade e caminhar juntos, mãos dadas,
Esculpindo
possibilidades novas e novos sorrisos.
Amo a moça
na janela, espera disfarçada,
E a moça na
praia, ostentação escancarada;
A que,
pudica, mal me olha, e a que se dá,
Como as
flores se dão ao sol, e o sal, ao mar.
Amo o menino
de mãos vazias e olhar baldio,
Como um
pequenino cão farejando refeição,
E o menino
armado, por pouco e mal amado,
Mordendo
pratos e carícias, o que lhe foi negado.
Amo o que
mal fala porque não tem tempo,
No afã de
tecer os fios das fortunas alheias,
E os que
medem fortunas em gotas de suor
Garimpado
nas têmporas do próximo,
Contabilizando
amanheceres e solstícios
Como se
propriedades privadas, de dono e senhor.
Amo as águas
claras, cristalinas e frescas,
E a que se
faz esgoto diluindo o resto dos homens;
A que se
junta em poças e lagos, riachos, oceanos,
E a que cai
providencial e necessária, hidratando.
Amar. Este o
meu destino e meu desígnio,
E para isso me
edifiquei necessidades,
Falta de
complementos, parcialidade,
Só um pedaço
me completando no outro.
Posso me
doar, para me completar lá
Ou subtrair,
para me completar aqui.
E este é o
dilema humano, o senhor
E pai de
todas as guerras e contendas:
A dúvida
entre o amor e o desamor.
Entre o amor
e o desamor moram as lágrimas,
Reside o
sangue, habita a saudade,
Num
condomínio chamado despudor.
Francisco
Costa
Rio,
26/02/2014.
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