Fundem-se
velhice e infância,
Em simbiose.
Estou na praia, água nos joelhos,
Atento aos
siris nos puçás.
Sopra brisa
estival, morna,
Pondo balé
nos coqueiros,
E o sol
escorre aquecendo a areia.
Sou só um menino atento,
Pronto aos
siris e aos sonhos,
Mastigando
sardinha frita
E segredos
que a via desvendaria.
Hoje voltei lá, para lembrar.
As cabanas
dos pescadores sumiram,
Aterradas
por um depósito de óleo.
No lugar das
biroscas, silos de álcool,
E as
varandas migraram para o nunca.
Já não há
areia, submersa no concreto,
E a água,
maresia e sal, casa dos siris,
É uma coisa
negra, quase pastosa,
Cheirando a
defunto e gasolina.
Não só o
tempo não flui ao inverso.
As paisagens
e os momentos
Também se
perdem, distraídos,
No fluir dos
calendários.
Mataram
minha infância, meus siris,
Meu encanto
e um pedaço do mundo,
Contaminados
de estranha forma de câncer,
A que me
ensinaram a chamar progresso.
Francisco
Costa
Rio,
10/02/2014.
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