segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

ESTIAGEM

(efeito estufa)

Evola-se a esperança e a fé
Junto com água evaporada.

Há silêncio e moscas negras
Em festim de repasto e fome.

Imóveis, as folhas minguam
Na migração do verde, secas.

No leito seco, só cascalho e pó,
O silêncio dos batráquios sós,
Sem coaxares e sem charcos.

Adormecida e com sede,
A natureza sonha pássaros,
Plumas de tons ausentes,
E sons, como antigamente.

Nem neblina, nem orvalho,
Menos chuva ou garoa,
Nada para a sequiosidade
Do chão esturricado, rachado.

Além, as caldeiras a pleno vapor,
As chaminés vomitando fumaça,
O gás carbônico em efusão tóxica,
Nascendo gás, virando dinheiro.

Longe, entre a geladeira
E o ar condicionado
A tevê noticia a cotação da bolsa,
O valor da comoditie, o pregão
De almas em pó desencarnadas.

Francisco Costa

Rio, 08/02/2014.

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