sábado, 22 de fevereiro de 2014

Falo-vos de um tempo de homens quebrados,
De sorrisos curtos e prantos desbragados.
Falo-vos da vigia e da delação, da tortura,
Do quebrar de ossos e consciências.

Falo-vos de um pesadelo enorme, constante,
Regado a sangue, nutrindo-se de vidas.
Falo-vos de mães e filhos apartados,
Relegados aos abraços somente em fotos.

Falo-vos de tanques no asfalto, no trânsito
Do medo e da intimidação, de vozes caladas.
Falo-vos dos órfãos de informações e cultura,
Administrando a própria alienação importada.

Falo-vos de tempo duro e homens quebrados.
Falo-vos de qualquer ditadura porque iguais,
Gêmeas na sanha de semear terror e morte.

Francisco Costa

Rio, 21/02/2014.

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