Pensa você
que é fácil
Nascer
riquinho ou quase,
Aturar pais
neuróticos
Que nos
compram tudo?
E que trazem
para casa
O poder que
têm na rua,
Nos tratando
como coisa,
Simples
objeto negociável?
Acredita
mesmo, sério,
Que ser
inútil é ser feliz,
Com babá nos
poupando a mão,
Com papinhas
e toddynhos
Na hora
certa, a cama feita,
Roupa e
toalha no banheiro,
Na hora do
banho?
E as
refeições, quando escolhemos
Cardápios e
horários, na mesa posta
Em tenra
idade, sem conhecimento
Do que útil
ou necessário, sem
A surpresa
da comida inesperada?
Nada mais
enfadonho e chato.
E vem a
idade da escola, e a escola
É enfadonha,
particular, asséptica,
Com bandos
de nós, os riquinhos
Sendo
preparados para herdar tudo.
Empenho pra
quê? Papai paga,
O que garante
promoção e elogio.
E vem a
adolescência vazia:
Shopping,
games, musculação,
Em rotina de
dar nos nervos,
Cotidianamente
repetitiva,
De
retaguarda garantida,
A mesa
posta, a cama feita,
Os armários
sortidos e cheios.
A vontade é
de quebrar o quarto,
Destruir os
meus brinquedos,
Dar umas
boas porradas em meus pais,
Mas não
posso, não devo, não quero.
E então,
revoltado com a inutilidade
Da minha
própria origem, um burguês
A quem nada
nunca foi negado
E nada
faltou, despindo-me de vontades,
Resolvo
reagir, rompendo em definitivo
Com as
amarras que me fazem nada,
Só um
consumidor, desde o berço.
Então
procuro amigos iguais,
Com o meu
mesmo vácuo existencial,
Compro
máscara, faço um coquetel
E saio
destruindo tudo, queimando tudo,
Por
impossibilidade de queimar meu quarto.
Tornei-me um
adulto útil e fundamental,
As
Eu gora sou
um Black Bloc.
Francisco
Costa
Rio,
11/02/2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário