Eu te choro,
musa primeira,
Paixão quase
única e derradeira,
À qual me
dei desde adolescente.
Ainda
cheirando a cueiros e leite,
Sem ter
conhecido calças compridas,
Eu a conheci
num carnaval cívico,
De
foguetório e bandeiras vermelhas,
Seguro nas
mãos firmes de papai.
Depois
tentaram me subtraí-la,
Levando-a
para sevícias e estupros,
Em câmaras
de tortura e cárceres,
E eu ali,
fiel consagrado, exigindo
Que ma
devolvessem, mesmo ferida,
Exangue,
ensanguentada, em agonia,
Sem a mesma
graça de antes.
A custo
soltaram-na já mulher, madura,
Esculpida em
dor e ultraje, como puta,
Ansiosa de
sentimentos desconhecidos.
E nos vi
casados, depois do sim para sempre,
E nos
imaginei com filhos, netos, bisnetos...
Navegando em
felicidade e realizações.
Mas os
homens maus voltaram ferozes
E pretendem
tê-la de novo e de novo
Levá-la às
sevícias, à exploração covarde
No bordel em
que querem lhe transformar.
Mas agora
não levarão fácil, meu amor.
Hoje somos
muitos os dependentes
Que a querem
livre e ao nosso alcance.
Experimentamos
do seu seio e ele agradou.
Foram feitos
para o amor, para carícias
E dedicação,
e não para amamentar
Os
vagabundos de plantão.
Francisco
Costa
Rio,
05/02/2014.
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