segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Ela tinha o estranho dom
De enfeitar com a presença,
Inundando tudo dela,
Claridade posta onde estava.

Juntos, partilhávamos as horas,
Ora quietos e inúteis, à feição
De ervas campestres na estrada,
Ora em luxúria do que pode tudo,
Reinventando o já sabido,
Inaugurando-nos coisa nova
Estendida nas dobras da noite.

Éramos assim, magia e sonho,
Luminescência vadia
Querendo-se estrela,
Mais que um detalhe na realidade,
Voracidade incansável e diuturna
Elegendo-nos, entre iguais,
Flagrante da diferença.

Mas acabou. Nada se pode eterno,
A permanência é limitada, clama
Por tempos novos de coisas novas,
E o que era fato virou lembrança,
Uma coisa estranha que hoje cato
Em versos, sorrisos e corpos.

Por irrepetível o que se foi,
Essa busca desesperada,
Esse sem fim de poemas,
Todo dia.

Francisco Costa

Rio, 13/02/2014.

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