daqui a pouco o teu marido chega,
não me quero vítima nem agente
de crime passional, cara no jornal,
essa gente atirando as pedras
que não procuraste nem mereces.
Dirão apenas traidora, vagabunda,
a puta que não presta, sem saberem
dos polares ventos que sopraram
sobre ti e tua cama, por anos e anos,
desafiando a tua fidelidade imposta
por princípios, ordenando quieta.
Das tuas lágrimas de solidão, da dor,
nada dirão, avaliando no rótulo,
sem saber da essência ferida e só,
tateando carícias no escuro.
Não sabem que sobre ti pesaram
as aparências, o que dizer à família,
as convenções, castrando os dons
que enamorado descobri.
Menos sabem das tuas descobertas,
do acordar num corpo feminino,
capaz de gozos e êxtases, de voos
onde a alma humana se realiza.
Jamais saberão que a tua nudez,
parcial porque vestida de vergonha,
é agora devocional e completa,
livre da peça última que te vestia,
o pudor inquilino da desconfiança
que em ti habitava, mal amada.
E por nada saberem, segredo nosso,
te porão a nu à moral, criticando
o que adormecido acordou e vive,
mais querendo viver intensamente
porque só agora, tardia, se exerce.
Por isso é melhor que eu vá,
mas volto. Prometo. Até mais.
Francisco Costa
Rio, 25/01/2015.
É..., mulher se ferrava já no primeiro suspiro. Ainda bem que hoje em dia mulher que é mulher, sabe de seu valor e já não aceita o machismo.
ResponderExcluirMorena Bittencourt Zimmermann Lopresti