segue a humanidade a sua sina,
lavrar sangue posto na fortuna
que mal edifica e nada constrói
porque frutificando bem longe,
em mesas distantes, n'além mar.
Desfraldados farrapos ao vento,
cariados sorrisos, lutos adiante,
dores, orgasmos interrompidos
redigem-se no cardápio dos ricos
em refeição permanente e diária.
Chora, África. Chora, América.
Chora Oriente Médio, o mundo.
De um lado os braços e a força,
do outro, os bolsos e as contas.
Aqui se lavra, lá se contabiliza;
aqui se planta, lá se refestelam
em barrigas cheias e sorrisos.
E se surpreendem, perdidos
em ocasionais atos terroristas,
sem a percepção da realidade:
lá é ocasional, de vez em quando,
aqui é o pão nosso de cada dia,
de cada noite, de cada refeição
que migra da nossa mesa vazia.
Se ainda se mantêm sorridentes
é porque armados até os dentes,
sabedores de que suas despensas
e geladeiras, paióis e silos, tudo,
um dia será comunhão ecumênica,
prato único e gigante, enorme,
alimentando a saciedade do pobre.
Francisco Costa
Rio, 20/01/2015.
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