sábado, 11 de abril de 2015

NEGRA

(Em Moçambique hoje é o dia da mulher.
Então esse poema para todas elas,
e em especial para uma delas)

Negra, toda negra
e constelada,
com miríades de estrelas
refletidas nos olhos,
e planetas de sonhos
orbitando os meus desejos
de peregrino na busca
do porto encantado
onde se atraca o prazer.

Negra, absolutamente negra,
azeviche e jabuticaba, amora
de sumarenta polpa, úmida,
pronta para lábios e línguas,
uma noite tropical e quente
em cujo regaço adormeço.

Pele de pelúcia negra,
delicada camurça onde,
alheio ao que mais existe,
abandono-me negritude
integral, encontrando-me
no que em mim perdura
porque em mim ancestral.

Negro charco de melanina
onde me banho e me basto,
sorvendo a inspiração
que me alimenta e anima.

Negra, maravilhosamente negra,
como as negras pupilas negras
dos meus olhos enamorados,
negros por ela, em reflexo
do que me atordoa e completa,
faz sentir-me poeta,
só um escrevinhador do verso
que me inunda e completa.

Negra.

Francisco Costa
Rio, 07/04/2015.

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