Taquicárdica presa das emoções,
ouço-me inquietude na madrugada,
remoeres de indagações,
secretas respostas que não me dou.
Passiva ferramenta de ímpetos,
vontades exageradas, quereres,
reduzo-me, antagônico de mim,
ao que queria ser e não sou.
Eu não sou esse que vocifera
urgentes exigências,
provimentos imediatos,
mudanças radicais.
Sou aquele que colore estrelas
e se encanta com insetos,
guardando a carícia exata
para o corpo que virá à noite,
solícito à linguagem da carne.
Eu não sou esse que mal sorri,
entretido com combates,
fazendo escaramuças,
em ataques permanentes.
Sou o que coleciona borboletas
e se enternece com sorrisos,
o que apascenta nuvens e ventos,
ovelhas imaginárias por aí,
contabilizando amanheceres.
E assim, evolo-me contradições,
ambições abortadas, desejos
que desfio em versos, em poemas,
anunciando esse que não me queria,
em vã tentativa de ser o outro,
para, sendo o outro,
lastimar-se por não ser este que sou.
Francisco Costa
Rio, 04/04/2015.
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