Sempre que me chega um poema triste
Choramos juntos.
Poemas são como as pessoas,
Capazes de acionar sentimentos
E determinar comportamentos.
Como não chorar diante de um réquiem,
Palavras sussurradas para esquifes,
Na esperança de que naveguem no infinito
E cheguem a ouvidos que não existem mais,
Ou se excitar com descrições eróticas
Embutidas em desempenhos só insinuados,
Arregimentando hormônios e lembranças?
Que dizer dos versos irônicos, debochados,
Capazes de desmoralizar, por a nu o caráter
Do político corrupto, da autoridade ridícula,
Do dirigente recheado de incompetência,
Ou do argumento brega, à moda antiga,
Carregado de bombons, ramalhetes,
Coraçõezinhos com setas espetadas
E cupidos travestidos de anjinhos,
Invocando adolescência e dependência?
E dos poemas épicos, municiados com o ardor
Do combatente de caneta em riste, pronto
Para os duelos de palavras, frases, sentenças
Que se redigem condenatórias, em cobrança
De avante, para a frente, continuemos?
Poemas são documentos, atestados de época,
Inventários de atos e fatos, testamentos,
Arrestos de perdas e danos, monumentos
Nascidos para atravessar o tempo
E testemunhar pensares e sentimentos.
Cada livro de poemas é um museu
Onde se exibe o que não morreu,
Pulsa em versos, eternizando momentos.
Francisco Costa
Rio, 09/06/2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário