Com a malemolência do mar,
alheio a ventos, interiorano,
lambendo as pedras, a areia
morna, branquinha e doce,
sigo apartado do que abate
e concentra, exige-me outro,
o ocupado com o mundo.
Agora navego fora de mim,
adejando sonhos surreais
onde, anjo abatido, no solo
tateio carnes expostas, nuas,
protuberâncias e reentrâncias,
vales e montanhas, o relevo
que me domina e concentra
só parte do que me habita.
Logo mais, quando a lua vier,
montarei um cavalo branco
com pelos de algodão
e irei buscá-la distraída,
perdida entre a esperança
e a utopia, excitada e pronta
para ser seduzida inteira
onde tudo conta, na poesia.
Francisco Costa
Rio, 26/01/2015.
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