domingo, 5 de abril de 2015

Estrangeiro migrado de mim,
percorro os meus labirintos,
os obscuros cantos de antes,
os claros caminhos de antes,
as saídas que não encontrei.

Devoluto e sozinho, migro-me
à própria essência, caramujo
em concha, berço e túmulo,
apartado do resto do mundo.

Minhas janelas estão fechadas,
as portas dão para o nada,
o telhado oprime,
as paredes prendem.

Irreconhecível aos meus olhos,
debulho-me pedaços do que fui,
os que restaram e flutuam aqui,
em versos curtidos na saudade,
prenhes de emancipação tardia
quando, menino de novo, novo,
eu me reassuma integralizado
nos primeiros passos tímidos
do que se anunciará calvário.

Francisco Costa
Rio, 23/12/2014.

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