Essa
permanente gravidez de poemas
Incomoda,
escraviza-me no teclado.
É como
incômoda barriga que carrego,
Dia e noite,
em sol ou sombra, na chuva.
As grávidas
de gente, recheadas de fetos,
Tem prazo
determinado de alívio. Eu, não.
Desde o
nascimento escorro-me hemorragia
De
sentimentos digitados, manuscritos,
Desenhados,
em parto permanente,
Até o dia da
imobilidade, quando terei parido,
Finalmente,
o meu poema derradeiro,
Definitivo,
sem palavras e sentimentos,
Descrevendo
a eloquência do silêncio,
A
aposentadoria compulsória das mãos,
Parturientes
em ação, e do útero coração.
Francisco
Costa
Rio,
04/01/2014.
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