sábado, 4 de janeiro de 2014

Caminho pelo calçadão lotado,
Entre passantes e transeuntes,
Arrastando os meus fantasmas,
Solidários e onipresentes,
De presença constante, insistentes.

Vasculho rostos, quero identidades,
Semelhanças de pensares, opiniões
Que divirjam ou convirjam, sonoras,
Alentando meus ouvidos solitários.

Será que aquela moça conhece Darwin,
O cidadão com a mala e a pressa
Já ouviu falar de Sartre e Marcuse?

Que se passa nessas cabeças que passam,
Anônimas e preocupadas, distraídas,
Sem imaginar a Relatividade de Einstein
E as implicações metafísicas e religiosas
Da mecânica quântica,  do é mas não é?

Não sei se perdem tempo com isso,
Se abstraem dos próprios quereres
Sempre materiais, momentos
Em que, apartados da urgência,
Sentem-se deuses sentados na praia,
Perguntando porque tudo
Se era muito mais fácil o nada.

E contento-me com o silêncio,
Resposta clara para a ausência
Da capacidade de entender
Qualquer resposta.

Sábios são os que fogem
Das incógnitas e dos labirintos.

Francisco Costa

Rio, 04/01/2014.

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