terça-feira, 17 de junho de 2014

Vês aquele homem no pijama,
Sentado diante da eternidade?
Prestes à viuvez de si mesmo,
Ele assiste o ocaso da existência.

Relicário do que foi, desfolha-se,
Entre canções e momentos,
Tateando tudo o que não está,
Naufragou nas ondas do tempo.

O que pensou perene foi efêmero,
Transitório, e agora se desfaz
Em brumas e névoa no anoitecer,
Silenciosamente.

A respiração se exerce difícil,
Exigindo esforço de atleta
E concentração de artista.

O que foi simples e natural
É agora desafio, maltratando.

Encolhido e sozinho ele espera,
Temeroso do que o espera,
Se uma prolongada agonia
Ou o ponto final no que foi poesia.

Francisco Costa
Rio, 09/06/2014.

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