Ela guarda prazeres inauditos,
Propósitos inconfessáveis,
Vontades de pura loucura.
Há nela qualquer coisa mórbida,
Viciada, diferente e que seduz,
Põe no claustro da curiosidade,
Exigindo posse total e imediata.
Não anda, desliza, compenetrada
Em seu mundo de disfarces,
Escondendo gemidos e esgares,
Suor e sorrisos, toda língua
Em avidez de último gesto.
Chega séria, falando o trivial,
Mostrando-se mansa, distraída
Em meu atelier, perguntando,
Prólogo do que se seguirá, depois.
Logo desfaz-se das roupas, e nua
Caminha na sala, natural e doce,
Para semear poemas no quarto.
Pela manhã faz café e vai embora,
Deixando-me em trabalho de parto,
Pronto para parir os versos eróticos
Que ela, entre mordidas e sorrisos,
Docemente plantou.
Francisco Costa
Rio, 29/05/2014.
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