Agora percorro recônditos territórios,
Os da infância,
Onde me deixei e me procuro,
Irrequieto e saudoso.
Mudaram a paisagem e as pessoas,
O trânsito, as margaridas dos jardins.
Os meus amigos e namoradas
Estão avós, cercados de netos,
Balbuciando conselhos e reprimendas,
Repetindo-se automaticamente,
Em retrospecto do ouvido no passado.
Derrubaram todas as árvores,
Edificaram uma floresta de casas,
E o ritmo modorrento das tardes,
Ponto de encontro de todos,
Se acelerou, trafega com pressa,
Sem tempo para conversas fiadas,
Em celebração ao nada que irmana.
Agora há uma família em cada casa,
Migraram todos das calçadas,
Não é mais um bairro de uma família só.
Acorrentados aos televisores,
Trancafiados em teclados,
Depois de terem fugido de todos
Agora fogem de si mesmos.
Meu bairro envelheceu mais do que eu.
Francisco Costa
Rio, 10/06/2014.
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