sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

OUVINDO TIM MAIA

(Pra Sonia Costa, in memoriam)

Estou ouvindo Tim sabe? Viajando
No tempo, montado em acordes
E arranjos, me arranjando sozinho.

Eu não me sabia assim, incapaz
De esquecer qualquer detalhe,
O mais ínfimo momento, qualquer
Intervalo entre olhares e gestos.

Tiete de Tim, ornamentavas
Com tua voz os meus instantes,
Estabelecendo a trilha sonora
Da minha existência efêmera,
De presença só ocasional e curta
Porque de muitos empregos
E compromissos políticos
Impedindo mais beijos e abraços,
Adiando aquelas sacanagenzinhas
Feitas de suor, cansaço e sorrisos.

Raramente ouço Tim, tenho medo
De que te materializes aqui, agora,
Tanta e tão intensa é tua presença,
Com cheiro e hálito, calor e olhar
Impondo-me lágrimas e risadas.

Sim. Te choro ausente e distante,
Longe da minha cama vazia,
E gargalho nossas brincadeiras,
Coisa de crianças com netos.

Sei cada canção do Tim de cor,
Eu as aprendi contigo no tanque,
Na pia, passando a minha roupa,
Ou sentada no sofá, só solfejando.

Mas agora...
O disco está terminando,
Está na última faixa
E temos que nos separar.

Agora vou colocar um rock,
Sacudir a saudade e sorrir.

Mais um poema me solicita.
Não deixe de vir,
Até outro dia.

Francisco Costa

Rio, 02/12/2013.

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