(Pra Sonia
Costa, in memoriam)
Estou
ouvindo Tim sabe? Viajando
No tempo,
montado em acordes
E arranjos,
me arranjando sozinho.
Eu não me
sabia assim, incapaz
De esquecer
qualquer detalhe,
O mais
ínfimo momento, qualquer
Intervalo
entre olhares e gestos.
Tiete de
Tim, ornamentavas
Com tua voz
os meus instantes,
Estabelecendo
a trilha sonora
Da minha
existência efêmera,
De presença
só ocasional e curta
Porque de
muitos empregos
E
compromissos políticos
Impedindo
mais beijos e abraços,
Adiando
aquelas sacanagenzinhas
Feitas de
suor, cansaço e sorrisos.
Raramente
ouço Tim, tenho medo
De que te materializes
aqui, agora,
Tanta e tão
intensa é tua presença,
Com cheiro e
hálito, calor e olhar
Impondo-me
lágrimas e risadas.
Sim. Te
choro ausente e distante,
Longe da
minha cama vazia,
E gargalho
nossas brincadeiras,
Coisa de
crianças com netos.
Sei cada
canção do Tim de cor,
Eu as
aprendi contigo no tanque,
Na pia,
passando a minha roupa,
Ou sentada
no sofá, só solfejando.
Mas agora...
O disco está
terminando,
Está na
última faixa
E temos que
nos separar.
Agora vou
colocar um rock,
Sacudir a
saudade e sorrir.
Mais um
poema me solicita.
Não deixe de
vir,
Até outro
dia.
Francisco
Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário