Eu, que
nasci para o carro de boi
E a as
sinuosas estradas de barro,
Com pássaros
e galos nas manhãs,
Fogão de
lenha e causos e violas.
Eu, de raíz
na roça e tronco no chão,
De missa no
domingo, confissão,
O da cachaça
com torresmo e forró,
Aboio nas
tardes, pescarias no rio.
Eu, de
família simples e descalça,
Entre
bençãos de tias e colos de vós,
Entre
aniversários e natais, feriados,
De material
escolar pouco nas mãos
E muita
vontade, curioso das coisas,
De repente
me vi em livros e discos,
Conferindo
documentos, desenhando
Os meus
próprios passos no asfalto,
Percorrendo
galerias, ruas, museus,
Ocupando
bancos na universidade,
Lendo
teoremas e leis e postulados,
Dando nomes
científicos aos bichos,
Dissecando a
anatomia das plantas,
Sofisticando
versos, ouvindo sinfonias.
Eu, de
vulgar fofoqueiro doméstico
A envolvido
com políticas e partidos,
Fofoqueiro
maior, me imiscuindo
Na vida de
todos, palpitando, exigindo.
Eu, um
menino de roça e sorrisos
Afogado em
civilização e pranto,
Só um gemidinho
que se quis discurso
E agora
chora, querendo descanso.
Francisco
Costa
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