segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

EM PLENO SHOW

Sabe aquele cara comum, trivial, amante
Feito de flores e saudades, recordações?
Aquele cara que chora com cenas de novelas,
E dá bombons e rosas, marca encontros
Em jardins públicos e portas de cinemas?

Aquele cara igual a todos e que todos escondem,
Rotulando brega, antigo, ultrapassado?

Aquele cara que se encanta com crianças
E faz fiu fiu pra moça que passa,
Atento e concentrado no sexo oposto,
Fonte de infinitas possibilidades adormecidas,
Escondidas em tratados e teses, convicções,
Pautadas no que supõe verdades?

Aquele cara que em dois prá lá, dois pra cá
Dança boleros e canta guarânias e baiões,
E chora fácil e continuado pela mulher que foi?

Aquele que canta todas as músicas do Rei
E as conhece todas de cor, cada uma uma cara,
Um corpo, uma dor latejando fundo e sempre?

Esse cara sou eu.

Francisco Costa

Rio, 25/12/2013.

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