quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

UM ANTIPOEMA NOJENTO

(para ruborizar anjos)

Desço do meu romantismo
Para ser claro e realista,
Dizendo o que não ousam
Os puritanos e pudorados
De bundas cheirosas.

Ontem e anteontem,
Em ceias, festas e banquetes
Nos locupletamos em comidas
De fortes condimentos
E gasosas fermentações:
Frutos do mar e frutas outras,
Batatas e couve (ah, a couve
E suas parentas, dona brócolis
E senhor repolho, vésperas
De intestinais revoluções),
Batatas e ovos cozidos
(são fatais, incontornáveis),
Tudo regado a álcool
E refrigerantes,
De tal maneira municiada
A flora intestinal
Que hoje deveria ser feriado:

Dia do pum, do traque, do peido,
Do foguetório indiscreto,
Do ante roseiral infecto,
Invadindo as narinas,
Incomodando a torto e à direita,
Com bundas enlouquecidas,
Sempre na espreita,
Em atividade natural,
Como se fosse carnaval
Em momento não aprazado.

Incomoda mas é engraçado.

Francisco Costa

Rio, 26/12/2013.

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