Súbito,
surpreendo-me com minha anatomia,
Com esse
metabolismo louco, desvairado,
Exigindo uma
explicação: sou enorme.
Minhas
artérias, que nascem no coração,
Não se
bastam enclausuradas na pele,
E rompem o meu corpo, ganhando o mundo.
Como
serpentes vermelhas, de sangue e fogo,
Banham
Copacabana, sensualidade na areia
Invadindo a
minha imaginação, meus versos.
Sobem morros
e amamentam a indignação,
Partilham
fome, carências, precisão...
Correm matas
e se enternecem com a fauna,
Irmãos de
corpos diferentes ilustrando
O altruísmo
de Deus quando não nos quis sós.
A flora,
exagero de um artista sublime,
De
inspiração infinita e de infinita técnica.
E vão à
Brasília, contaminando-me de lixo,
Envergonhadas,
sujas com os miasmas podres
Da
desonestidade, das propinas, da impunidade
Lançando
cortinas de fumaça sobre o povo.
Chegam ao
nordeste e têm sede, angústia
De água
perto separada por uma cerca,
Apartando
gente e o gado dos coronéis.
Sujam-se de
lama e caranguejos, de sal e sol,
Inclementes
nos litorais azuis de sonhos.
Vão ao sul e
quase encontram a Europa,
Seus
sotaques e folclore, seus modismos
De quase
estrangeiros culturais partilhando
O mesmo
coração de clorofila e ouro.
Depois
retornam ao meu peito, para mostrar
Que sou só
um pontinho quase anônimo
Na imensidão
mágica do meu país.
Francisco
Costa
Rio,
30/12/2013.
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