No pedestal
da saudade
Cabe muito,
Quase tudo:
Cabe aquele
beijo roubado,
Com saliva e
esperanças,
O corpo que
passou baldio
E foi abandonado.
Cabe um por
do sol na praia
Prestes ao
sono no areal
E o
amanhecer de borboletas
E colibris
no quintal.
Cabe a
impotência humilhante
Diante do
mau e do mal.
Cabe um
olhar, um semblante,
Miseráveis e
retirantes.
Cabe o verso
não escrito,
O sonho em
âmbito restrito,
Inconfesso e
acanhado.
Cabe a
infância, todo o passado.
No pedestal
da saudade
Só não cabe
A memória do
futuro
Cerzindo os
pontos
Do que se
fará saudade.
Entre a
saudade e o futuro
O tempo
caminha
E nos
contamina
De sono e
sonhos,
Até o dia em
que nos tornaremos
Saudade
também.
Francisco
Costa
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