Distraído,
caminhando na esquina
Encontro um
poema. Já vem pronto,
Cheio de
embrulhos e sacolas,
Em tamanhos
diversos, coloridos.
Cumprimento-o,
concentrado,
Pronto à
fixação no papel,
Para
posterior ostentação na tela.
Vem cansado,
depois de percorridas
Todas as
lojas e magazines, tendas
E
barraquinhas de ambulantes,
À cata do
que fazer sorrir e encantar.
Mal me
responde, suado e apressado,
Prosseguindo
no seu ritmo natalino
De chegar
logo e rápido, urgente.
Mais adiante
outro poema,
E o mesmo
ritual do cumprimento,
Da atenção
de como chega
E o que
pretende, comigo atento,
Caneta em
riste e sentidos ligados.
Este não
traz embrulhos nem nada,
Só a roupa
suja, cabelos desgrenhados
E o olhar de
quem está longe, alheio,
Esperando o
improvável e o proibido.
Cumprimento-o
e ele me estica a mão,
Mas de forma
inversa, concha pro céu,
E não para a
apertar a minha. Entendo.
Partilho
coisa pouca, o que me sobra,
Mas o
bastante para anunciar sorrisos.
Continuo a
caminhar, desacreditando
Na
existência de um único natal,
Constatando
que existem tantos
Quantos são
os homens, essas
Carências
que esperam, moedas, uns,
Motivos que
custam moedas, outros.
E começo a
redigir os encontros.
Francisco
Costa
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