(A Pastoral
– 2º movimento)
Despido do
que me oprime e desencanta,
Essas velhas
teorias e intenções gastas,
Habito-me
integral, um pássaro em voo.
Tenho-me
agora sob absoluto controle,
Senhor de
mim, na integridade do querer,
E o que quero
é voar. Voar sobre campos
Nevados e
gramados, areais, pedriscos
Ou
pedregulhos, no plano ou em declive,
Mas voar,
livre de âncoras, fios e amarras,
Do que me
faz inseto rasteiro e terreno
Farejando o
chão, frustrado, bidimensional.
Voar a não
mais poder, sobre tetos e copas,
Além das
nuvens, nos limites do não saber,
Cruzando
mares e oceanos, florestas, lagos,
E retornar
íntegro e natural, só um homem,
Não mais que
um simples homem, sem asas
E de poucas
ambições, ancorado em si
Porque
sabedor da inutilidade das asas
E dos planos
de voo, da energia gasta
E do tempo
perdido, porque o que procurou,
Tudo o que
procurou, esteve sempre em si,
Dissimulado,
escondido, orientando o voo.
Francisco
Costa
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