sábado, 21 de dezembro de 2013

OUVINDO BEETHOVEN

(A Pastoral – 2º movimento)

Despido do que me oprime e desencanta,
Essas velhas teorias e intenções gastas,
Habito-me integral,  um pássaro em voo.

Tenho-me agora sob absoluto controle,
Senhor de mim, na integridade do querer,
E o que quero é voar. Voar sobre campos
Nevados e gramados, areais, pedriscos
Ou pedregulhos, no plano ou em declive,
Mas voar, livre de âncoras, fios e amarras,
Do que me faz inseto rasteiro e terreno
Farejando o chão, frustrado, bidimensional.

Voar a não mais poder, sobre tetos e copas,
Além das nuvens, nos limites do não saber,
Cruzando mares e oceanos, florestas, lagos,
E retornar íntegro e natural, só um homem,
Não mais que um simples homem, sem asas
E de poucas ambições, ancorado em si
Porque sabedor da inutilidade das asas
E dos planos de voo, da energia gasta
E do tempo perdido, porque o que procurou,
Tudo o que procurou, esteve sempre em si,
Dissimulado, escondido, orientando o voo.

Francisco Costa

Rio, 17/13/2013.

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