Agora viajo
no dorso do poema.
Não me
perguntem dos seus mecanismos,
Em que
tecnologia se apoia porque não sei.
Sei que é de
mobilidade instantânea,
Deslocamento
imperceptível,
Violando as
mais elementares regras.
Em um mesmo
segundo viajo continentes,
Amando aqui,
sangrando ali,
Atento ao
que se descortina novidade,
Entre
guerras e armistícios, beijos e adeuses
Postos ora
na relva macia, ora em areais
De silêncio
e vento, pedras e madrigais.
Ocasionalmente
penetro florestas,
Mares de
sons escondidos em ondas verdes
E me sento
sob frondes, em sombras,
No sol
eclipsado, ausente do chão úmido,
Entupido de
insetos e vermes, répteis
Descrentes
da existência do sol.
E mergulho
em maresia e sal, molhado,
Assistindo
séquitos de anjos coloridos
Adejando no
mundo líquido e quieto,
Com suas
barbatanas de encontrar caminhos.
As vezes me
sento nas beiras dos rios
E drogado de
magia e encanto, assisto
A dança das
cores flutuando sobre meus olhos,
Nas asas dos
pássaros e dos insetos, borboletas,
Silêncios
que reluzem atestados da existência
Tramitando
na burocracia de Deus.
Tristes dos
homens que esperam milagres
Inocentes de
que habitam um milagre, e mais:
Que eles
mesmos parte do milagre, cotidiano
E constante,
repetindo-se sempre diferente
Sob o olhar
do seu maestro nas estrelas,
Cuidando
para que tudo permaneça
Um imenso
poema de versos vivos,
Redigidos na
dimensão dos pensamentos.
Francisco
Costa
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