sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

CALOURÃO

O calor é infernal.
Imerso em suor
E numa sinfonia de cigarras
Observo as folhas paradas,
Aguardando a brisa matinal.

As mangas e jacas, pitangas
Fazem-se maduras temporãs,
Cozidas pela inclemência solar.

As aves estão caladas e quietas
Na espera dos temporais
Anunciados pingos nas pétalas,
E qualquer sombra é abrigo,
Oásis no capinzal secando,
Amamentando com palha
A paisagem em agonia de verão.

Distraído e concentrado
Um poeta tecla saudades
Adormecidas no jardim choroso,
Saudoso de joaninhas e besouros
Em migração do desespero
Medido nos termômetros.

Só as formigas não param.
Há um patrão oculto e tirano
Que não lhes permite
Ver diferenças entre inverno,
Primavera ou verão.

São as proletárias da natureza,
Parecem humanas.

Francisco Costa

Rio, 10/12/20013.

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