sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Sim, é possível,
Desde que você se dispa
Do que o blinda e aparta,
Faz crer-se piamente
A única ovelha branca
Na negritude do rebanho.

Começa por se despir
Do que lhe incutem na tevê,
Papinha de coisa nenhuma
Para esconder refeições.

Depois, da sua seita, vaselina
Que enriquece a uns poucos,
Os dos púlpitos, e miserabiliza
Os que os sustentam diários
No exercício da fraude,
Em textos de análises loucas,
Os semeadores de milagres,
Benção, graças e alienação,
Os estelionatários da razão.

Agora se dispa do consumo,
Dessa fome desenfreada
De dez calças para duas pernas,
Vinte camisas para um peito,
E trecos, bugigangas, coisas
Que longe de você, inexistentes,
Não o modificariam em nada.

Dispa-se também da vertigem
Da auto sabedoria, equívocos
Nascidos do instinto, gratuitos,
Em revelações divinas
Ou no eu acho, só pode ser assim.
Antes de você muitos pensaram,
Você é só continuidade, embora
Se acredite original e primeiro,
Início de tudo.

Desconfie de tudo,
Questione tudo,
Analise tudo...
Só assim você se fará
Único porque diferente.

Despindo-se assim você rirá
De si próprio, por ter acreditado
Em Papai Noel na infância
E em muitos outros Papais Noéis
Outros pela vida toda.

O da infância deu presentes,
Os outros arrancaram
A sua essência, transformando-o
Em ovelhinha branca
Num rebanho de iguais.

Francisco Costa

Rio, 03/12/2013.

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