É, faz bom
tempo que não me faço
Erótico num
poema.
Estavas
longe, e longe és antídoto
Do que se
erige carne e fome, tesão.
Agora estás
aqui, inteira, nua, toda,
Semeando-me
essa profusão louca
De
desmedidas sensações, onde,
Atento e
completamente atônito,
Me entrego
incontinente, rendido.
Como então
me poupar à laceração
De unhas e
dentes, mãos, carícias
Que quase
agressões, tentativas
De rasgares,
romperes em fome
Do que não
se pode mais quieto
Porque
diante do prato?
Como,
diga-me, como te poupar
Dos
masoquísticos gemidos, dos
Gritinhos alternados
com sorrisos,
Dessas
contrações e esgares,
Tremeres em
suada orgia
De sentidos
anestesiados?
Como não
ficar dentro de ti,
Oportuno
hóspede seduzido
Pelo que
purga e encanta,
Em crescente
divórcio de tudo,
Até que tudo
se consuma
E se
interrompa, se acabe
Numa
silenciosa explosão
De estrelas
próximas
Se
desfazendo,
Desabando
sobre nós?
Francisco
Costa
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