sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

SILENCIOSA EXPLOSÃO

É, faz bom tempo que não me faço
Erótico num poema.
Estavas longe, e longe és antídoto
Do que se erige carne e fome, tesão.

Agora estás aqui, inteira, nua, toda,
Semeando-me essa profusão louca
De desmedidas sensações, onde,
Atento e completamente atônito,
Me entrego incontinente, rendido.

Como então me poupar à laceração
De unhas e dentes, mãos, carícias
Que quase agressões, tentativas
De rasgares, romperes em fome
Do que não se pode mais quieto
Porque diante do prato?

Como, diga-me, como te poupar
Dos masoquísticos gemidos, dos
Gritinhos alternados com sorrisos,
Dessas contrações e esgares,
Tremeres em suada orgia
De sentidos anestesiados?

Como não ficar dentro de ti,
Oportuno hóspede seduzido
Pelo que purga e encanta,
Em crescente divórcio de tudo,

Até que tudo se consuma
E se interrompa, se acabe
Numa silenciosa explosão
De estrelas próximas
Se desfazendo,
Desabando sobre nós?

Francisco Costa

Rio, 05/12/2003

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