(Em auto
protesto)
Enquanto a
cidade dorme,
Hóspede de
sonhos e pesadelos,
A vida corre
nas esquinas,
Em
provimento aos trâmites da vida:
O menino de
shorts e sujeira
Se aninha na
caixa de papelão,
Entre as
estrelas e o chão.
O velho de bigodes
e bengala
Sonha
passado de combates
E corpos nus
em floração de abril.
O policial
revista o negro
Sem dentes e
sem moedas,
Os carros
passam, a noite passa,
E nos olhos
atentos das putas,
No garimpo
de clientes,
Entre cintas
liga e canivetes,
Batom que
grita e olhares tristes,
Lagrimas
sucumbem em sevícias.
Os motéis
estão de luzes apagadas
Ou a meia
luz, indiscrição de abajur
Revelando
penumbra o que é claro.
O lua brinca
de esconde esconde,
Entre as
nuvens e os morros
E miríades
de estrelas contemplam
Os
movimentos do mar, bailado
Do que nunca
se fará quieto
Porque
ouvinte de canção silenciosa.
Salteadores
trabalham,
Frustrados
conspiram,
Corruptos
elaboram o plano infalível,
Semeando
fome e indignação.
Beatos
debulham a oração do dízimo,
Artistas
preparam-se nos picadeiros,
Prontos às
telas, poemas, canções...
Concentrados
e discordantes.
Longe,
escondidos da vida e da noite,
Imunes e
apascentados, distraídos,
Uma multidão
aliena-se no monitor,
Em guerras
digitadas e sexo virtual,
Inocentes de
que a vida não acabou.
Francisco
Costa
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