sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O natal, sim, o natal,
Mas não o natal dos shoppings
E das ruas cheias, do comércio
Eclipsando o bebê chorando.

Um outro natal, mais triste
Porque feito de cacos moídos,
Pedaços distantes e apartados
Do que se quer natal.

O da moça triste na janela,
Aguardando buquês e guirlandas,
Moços amanhecidos do anônimo,
Com palheta e pigmentos,
Prontos para inundá-la de cores,
E casamento pretendido  desde sempre.

O do menino na calçada, coberto
Por caixas de papelão e curiosidade,
Atento a canções natalinas
Que escapam pelas janelas.

O do soldado menino, imaginando,
No intervalo de tiros, a árvore de bolas
Que repousa na sala distante
Para onde ele jamais voltará.

E o menino solidário, na manjedoura,
Sangrando por antecipação
A sua sexta feira da paixão.

Francisco Costa

Rio, 02/12/2013.

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