Parece que
houve revolução
E o
inimaginável se estampa
Em cores,
formas, alegria
Escorrendo
das casas e calçadas.
O moço que
ontem seguia na rua,
Carregando
botijões de gás,
Desesperanças
e necessidades,
É hoje o
príncipe da Algárvia,
O marquês do
Turguistão,
Quiçá algum
paxá de Molibelândia
Editando
ordens imperiais.
A moça
pudica e casta,
Virginal
reserva de pudores,
Perdeu a
roupa e rebola na avenida
Os seus
dotes de donzela mal contida,
Semeando
caraminholas em imaginações.
Emancipou-se
a dona de casa e o machão
Em freudiano
flagrante, de saia e sutiã,
Com a
homofobia guardada na gaveta,
Os instintos
presos no armário,
Querendo-se
a rainha do pedaço.
O segurança,
sem arma e sem autoridade,
Boquiaberto
diante de frenéticas bundas,
Arregimentadas
não se sabe onde, porque
No ano todo
escondidas, mal percebidas,
Em
escritórios, escolas, feiras, ambulatórios,
Discretas e
comedidas, sem esse frenesi.
E o som, a
marcha, o funk, o samba
Reduzindo a
seriedade jornalística de ontem
A mote de
piadas, implacáveis com o político
Que rouba,
homenageado, de mãe a reboque,
As pobres,
sem culpa de terem parido palhaços.
Este é o meu
país, o do riso solto e franco,
Do sexo sem
amarras, do político ridicularizado,
Das dores de
férias e do infortúnio esquecido.
Evoé, Momo!
O carnaval já começou!
Que se abram
as porteiras da felicidade.
Francisco
Costa
Rio,
28/02/2014.
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